Esse texto faz parte do release 2015 e foi escrito pelo trutinha camarada Dewis Caldas.
Um dia o Caio chegou pra mim e disse: "preciso de um Dj que toque bateria". O pedido era algo como tudo ou nada. Isso porque ele tinha chegado naquele momento que todos nós músicos passamos, que é provar de uma vez por todas para a família que música é o único caminho para a vida. Ele já tinha um status de grande guitarrista da cena que conquistou com a banda Lord Crossroad, que foi bem importante no underground cuiabano, criando grandes clássicos e uma legião de fãs que lotavam os eventos e festivais de rock que rolavam em Cuiabá. Foi nessa época que eu o conheci. Era 2005 e a banda de repente surgiu numa prévia do Festival Calango e desde então representou aquela energia rock setentista na cena local. Um pouco tempo depois, já em 2006, eu ainda como um blogueiro rocker que escrevia sobre a cena alternativa cuiabana, começamos a trabalhar num coletivo em prol das bandas independentes. Esse vulcão musical e (porque não) emocional foi que deu o start das nossas eternas discursões sobre música. Eu tocava no Los Bob´s, que era de brega, e ele já tinha montado outras bandas como Motel Cadilac, mas queria mesmo era achar alguma coisa dentro do rock que fosse diferente, genial e nunca feita antes. Quando ele me perguntou de um DJ baterista eu senti que esse objetivo finalmente estava ganhando um caminho. Eu não consegui pensar em nunguém para o tal posto, mas quando ele me perguntou se eu conhecia um tal de Dj Gorduraz imediatamente tudo fez sentido na minha cabeça.
Um dia o Caio chegou pra mim e disse: "preciso de um Dj que toque bateria". O pedido era algo como tudo ou nada. Isso porque ele tinha chegado naquele momento que todos nós músicos passamos, que é provar de uma vez por todas para a família que música é o único caminho para a vida. Ele já tinha um status de grande guitarrista da cena que conquistou com a banda Lord Crossroad, que foi bem importante no underground cuiabano, criando grandes clássicos e uma legião de fãs que lotavam os eventos e festivais de rock que rolavam em Cuiabá. Foi nessa época que eu o conheci. Era 2005 e a banda de repente surgiu numa prévia do Festival Calango e desde então representou aquela energia rock setentista na cena local. Um pouco tempo depois, já em 2006, eu ainda como um blogueiro rocker que escrevia sobre a cena alternativa cuiabana, começamos a trabalhar num coletivo em prol das bandas independentes. Esse vulcão musical e (porque não) emocional foi que deu o start das nossas eternas discursões sobre música. Eu tocava no Los Bob´s, que era de brega, e ele já tinha montado outras bandas como Motel Cadilac, mas queria mesmo era achar alguma coisa dentro do rock que fosse diferente, genial e nunca feita antes. Quando ele me perguntou de um DJ baterista eu senti que esse objetivo finalmente estava ganhando um caminho. Eu não consegui pensar em nunguém para o tal posto, mas quando ele me perguntou se eu conhecia um tal de Dj Gorduraz imediatamente tudo fez sentido na minha cabeça.
O tal sujeito, o Lucas, eu havia conhecido como integrante do Quantik Djs, que fazia festas de muitos loucas de música eletrônica. Eu trabalhava na Casa Fora do Eixo (no antigo Neurô, rua 1 do Boa Esperança) e eles lotavam as sexta-feiras com tanta gente que eu nem sabia que existia aquela turma na cidade. Descolado e correria, ele até arriscava um violãozinho, mas realmente eu não sabia que era também baterista. E um baterista que tem uma bateria em casa, coisa que ja adiantava 70% do negócio aquela altura.
Foto: Tchelo Figueiredo |
Minha contribuição era mais como assessor de imprensa/pesquisador musical, porque falava das coisas que eu escrevia, e também, sempre procurando um mote para exemplificar o quesito jornalístico na banda. Enquanto isso, eles dois tocavam mais e se conheciam mais. Digo que não foi um ou dois meses para eles chegaram nessa química, foi anos a fio, se entendendo, conflitando, buscando o melhor de si. Muitas foram as vezes que cheguei na casa do Lucas e ele estava a horas fazendo rudimentos na bateria com o metrônomo, em busca de uma dinâmica acertiva, sem atrasos de bits, para que o som fosse forte, ou então estudando canto, gritando vocalises, era o nascimento do incrível magro de bigodes. Mesma coisa o Billy, que evoluiu rapidamente na alquimia dos amplificadores, nas combinações dos timbres, e na luthieria, algo que mais tarde faria com que ele criasse aquilo que talvez seja o maior feito até hoje, a guitarra-de-cocho.
Mas ainda falando sobre o início, me lembro da primeira apresentação deles, não aquela oficial, que ocorreu numa das edições do Grito Rock, mas certa vez estávamos numa festa de aniversário no Boa Esperança e tinha uns instrumentos, algumas pessoas tocando. Depois de um rápido conflito "tocar ou não", eles pegaram os instrumentos e fizeram a música tema, na época, a Laura Cera Song, quase ninguém entendeu nada, e pra falar a verdade pode ser que não tenha surtido nenhum efeito e acho que ninguém nem se lembra, mas mesmo com o começo estranho, aquele momento foi extremanete valioso, atestou que de fato era esse o caminho, porque a grande preocupação era deixar o som preenchido já que a dupla tocava "apenas" com dois instrumentos: a guitarra e a bateria.
Mas antes dessa formação, o que pouca gente sabe é que a banda já teve três integrantes, o outro elemento era o tchuka Jr, produtor, que fez alguns ensaios e gravou aquela que seria a primeira música que os dois gravaram juntos. Esta canção permanece inédita e nela é possível ter o contrabaixo ao fundo.
Mas ai, acabou por ser uma dupla mesmo. "Vai ser uma banda de dois caras" me disse um dia o incrível magro, que tava cansado de procurar um baixista que fosse bom e que tivesse a mesma ideia dos dois. Aí foi o grande desafio: como fazer "soar" uma banda inteira com apenas duas pessoas? quem é músico sabe o quanto é difícil formatar uma música com três instrumentos, imagine só dois. As lacunas sonoras são tão grandes que o som corre o risco de ser xôxo, pouco denso, sem peso, e isso para uma banda que se diz rock é o fim antes mesmo de começar. Mas também nao era algo impossivel e também não seria a primeira vez a ser feita no mundo. Outro ponto positivo era que os dois sabiam cantar e uma combinação inteligente de vozes poderiam somar na complexidade do bloco de som. Mas nem sempre foi assim, me lembro como se fosse hoje dos dois treinando canto, total inseguros, com vergonha até de mim, e me lembro sempre disso quando os vejo no palco, duelando e harmonizando vozes, que coisa louca.
Um dia especial foi o show do Ventania em Cuiabá. Tinha conversado com a dupla que eu daria um jeito de falar com o Ventania para uma possível jam, e enquanto eles estavam no palco, lá estava eu, junto com o hippie, soltando gargalhadas e dizendo coisas como "eles são bons mesmos", os olhinhos dele até brilhavam... Depois eu apliquei um migué dizendo que era o produtor da banda e que seria muito legal se eles tocassem juntos. Por acaso, o Ventania veio tocar sem banda, apenas com o baixista, e não deu outra: "claro, eles podem te companhar o show inteiro, eles sabem todas as músicas", e assim foi, eles tocaram juntos e posso dizer que foi um dos shows mais fodas que a cena hippie-alternativa cuiabana teve [e terá]. Nessa altura a duplsa ja tinha grandes passos dados. Mostraram-se e as pessoas entenderam rapidamente o conceito.
O primeiro programa de tv, o primeiro Ep, o primeiro clipe, os primeiros shows grandes e os muitos fãs aumentando, tudo isso vi de perto, como tertemunha ocular, o que me credenciou para, agora em 2015, gravar o documentário sobre a guitarra-de-cocho. É exagero - embora seja evidente e até redundante- dizer que os dois se tornaram um ponto chave para a história musical matogrossense no início da década de 2010, mas conforme for, o legado será muito maior do que vimos (e ouvimos) até agora. Por agora, a grande certeza que tenho é que Cuiabá está pequena. Voem só por brincadeira!
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